sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Back from Vegas!

E foi o fim da aventura. Aaaah e que semana!! Poker, os melhores clubs, alcool, mulheres, viver dentro de um casino, as luzes, a cor, e o som das slots ao acordar.


Para quem ambiciona um dia ser pro ou semi pro, tinha uma importante questão com esta viagem, visto que em Portugal já sabia que geralmente tenho edge. O tempo que tenho livre e o trabalho não me permitem fazer muitas viagens, seja nos torneios durante a season solverde, seja à Europa e ao mundo, pelo que estou de certa forma rotinado contra um grupo bastante restrito de jogadores a jogar ring no Solverde, cerca de 30 /40 dos quais estão sempre 10 todas as noites. Experiência na internet também é curta; no entanto sinto que consigo pensar a nível 3 a maioria das jogadas, e saber em poucas jogadas se o oponente é suficientemente bom para interpretar uma jogada a nível 3, ou se apenas posso jogar a nível 2.

E terminando a viagem, consegui tirar a conclusão que mais me interessava:
Sim, tenho edge em Vegas nas mesas 2/5.


A maioria dos jogadores em Portugal joga a nível 1: Olha para o seu jogo, olha para a acção até ao momento e para a board e analisa a jogada. Os jogadores a nível 2 analisam o seu jogo, a acção, as stacks, e o que acham que o adversário tem e extrair o máximo / minimizar as perdas perante esse cenário. Geralmente em Portugal colocam mais o oponente numa ou outra mão em específico do que num "range de mãos".
O jogador a nível 3 analisa o seu jogo, a acção, as stacks, o que é que acha que o oponente tem, a previsão de acção subsequente, e.. pensa no que é que o adversário acha que nós temos, e no porquê das suas acções mediante a mão que ele acha que nós temos. Sinceramente jogadores a nível 3 em Portugal só conheço 4 ou 5, um dos quais é o Quintas (meu partner nesta aventura Vegan).

Um exemplo claro que me aconteceu foi contra um chinês nas tables em Vegas, tinha acabado de me sentar umas 6 mãos atrás, e ele tinha raisado a maioria das mãos até ao momento, e o quintas disse-me que os showdowns dele eram muito marginais. Falando um pouco do metagame anterior:
No 1º spot ele raise p/ 25 e estando no cutoff para não lhe fazer shutdown faço-lhe call com AQ, disposto a jogar pela stack com top pair. Ao mesmo tempo, se ele tiver um A e acertar no flop, posso ganhar um bom pot.
Flop A 8 4 com fd copas. Ele cbet 30, eu considerei e fiz raise p/ 100, não especialmente preocupado em defender a mão mas sei que só com o meu call ele não me estará a por num às que jogue pela stack e vai considerar o meu raise como "quero ver onde estou com A7"; poderá fazer o shove com FD ou simplesmente bluff. Ele vai all in $500 e faço call. Não bate nada e ele mostra 23 (estava gutshot) e recolho o pot.
Mão seguinte AA, consigo que ele me pague 2 streets of value c/ showdown.

Mais à frente vem a tal mão em que utilizo toda a informação disponível; raiso um KhQs e levo 3 calls, das 2 blinds e mais dele que tinha feito limp em MP.
Flop Todos check, eu bet $80, as blinds fold e ele com stack inicial de $700 faz raise de $80+$190.
Aqui é que entrou o level 3 thinking.
Passo 1 - que mão é que ele terá para me fazer raise?
Só tp? KJ KT? 2 pair K9 K7 97? Set 77 99? Só FD ou combo draw QhJh 8hTh 5h6h Ah6h? Não é possível TP fd porque tenho o Kh.
Passo 2 - como é que a minha mão se comporta perante este range? Estou morto perante tudo excepto os fd's, que estou numa práticamente even race (considero que terá pelo menos 12 outs em qualquer dos fd's).
Passo 3 - em que mão é que ele me está a por para fazer este raise, e o porquê do mesmo? Até ao momento ele viu duas mãos minhas, um AQ e um AA. Ele está a raisar porque quer que eu folde ou porque quer jogar pela stack? A resposta é que se ele me viu jogar pela stack numa board A 8 4, se eu tiver AK ele acha que vou jogar pela stack; provavelmente é mesmo esta a mão que ele acha que eu tenho, e quer acção antes que venha uma cooler card! Outro argumento é a minha bet 4/5 pot nesta board vs 3 opponents. Acho que ele tem mesmo um set ou 2 pair, e que está convencido que tenho AK (AK ou KQ neste spot era igual; poderão achar que foldar AK neste spot era fraco, mas de acordo com a linha de pensamento que estou a seguir, foldava igualmente) e faço o fold.


Back to Vegas, Welcome to the MGM Grand Hotel & Casino!

Conseguem imaginar a sensação de ir de férias, esbanjar à grande e voltar com mais $ do que levei? Poder tirar umas férias sem ter que estar sempre a fazer as contas às despesas, e ir jogando na medida suficiente para estar sempre up.

As 8 noites foram curtas para visitar tantos, mas tantos hoteis e casinos de luxo! Conseguimos ficar a conhecer o nosso como a palma da mão - o MGM Grand, que diga-se foi excelente escolha, tanto a nível de comodidades, localização (muito central no strip) e pokerroom, sempre com imensas mesas activas, waiting list electrónica, duas discos porreiras - tabu e studio 54, barzinhos - rouge, centrifugue. A nível de movimento de pessoas, era abismal também.
A toda a hora estavamos na poker room e ouvia-se o burburim do touchdown pelo sportsbook inteiro (colossal, com mais de 100m de comprimento e uns 200 LCD's gigantes com todos os canais de desportos possíveis e imaginários) ao lado (estes americanos são mesmo fanáticos por futebol americano), ou então aumentava a música no centrifugue e era hora das miúdas irem dançar para cima do balcão.
O Planet Hollywood, o Palms, com ambientes extremamente jovens, com dealers a condizer em semi-lingerie para incentivar um bocadinho a coisa :)
O Luxor, Excalibur e Mandalay - numa das pontas do strip todos coladinhos, poker rooms nada de especial, apenas havia jogos de 1/2 e no Excalibur a poker room era só de máquinas! No Mandalay a room era relativamente grande. Experimentamos ainda umas horitas de 1/2 no Luxor, foi a única vez que fiquei down a jogar 1/2, e o nível é extremamente fraco, tal como no MGM no mesmo nível.
E entramos no mundo do ultra-luxo, "where the big money is", Caesar's Palace e... Bellagio! No hall de entrada para ambos vislumbra-se logo o cheiro a dinheiro, as lojas com as marcas mais caras, a decoração cuidada, o fato armani. E eis que chegamos à poker room do Bellagio. Uma sala repleta de jogos 1/2 e 2/5, uma ou duas mesas de 5/10, uma mesa de 10/20 e no centro da sala uma private room onde está a lenda Doyle Brunson em carne e osso a jogar com o David Benyamine e mais um grupo de high stakers à la High Stakes poker.
Sentamo-nos na mesa, vejo jogadores com um aparato imenso, a fazerem todo o tipo de truques e habilidades com as fichas; e em duas acções conseguem estragar todo o aparato de "pro". 1º uns entram com cave de 200 em 2/5, ou então vejo a 1ª jogada, um deles faz call a 5, há um raise de 40 no cutoff, o tipo faz call de 1/5 da sua stack e check fold no flop lol Bom, passado uma ou duas órbitas já tinha a mesa bem definida; o jogador chinês mas já mais americano do que outra coisa muito competente, um conjunto de franceses weaktights, os restantes ultra tight shortstacks e apenas um semi LAG.
A melhor jogada lá foi um Q6 que faço call a um raise de €15 utg+1 do chinês in position e o button também faz call.
Flop 5 6 J. Ele check, eu bet 25, o button lag call e o raiser fold.
Turn dobra o 5. Estou convencido que tenho a melhor mão e que o tipo está em draw, não me iria pagar com o 5 com aquela stack, com o 6 é improvável, pocket pair 77++ já teria ido all in pre flop, se tiver o J bad luck, mas acredito que será 70% em draw e 30% com o J; tenciono fazer check call / check raise o all in dele (cerca de €120 mais). Eu check, ele check.
River A, eu check, ele all in e eu instacall para o muck dele.

Ao voltar, passando pelo Caesar's vimos já a linha de entrada para o Pure (nighclub de referência em vegas). As miúdas à entrada, woooooooow myyyy fucking god hooooooot!! Estamos cá hoje à noite!
Durante as várias noites fomos ao Pure no Caesar's, ao The Bank no Bellagio, ao Studio 54 e ao tabú no MGM, ao rain no Palms, ao privé no Planet Hollywood. Cada um melhor que o outro, que vidinha!

Chegado dos clubs às tantas da manhã, mais um pokerzinho, com umas vodkas red bull em cima é categoria para o bluff com poker face à là Patrick Antonius! E tive lá noites de power poker, em que transformo 2 pairs em bluffs e com um shove enorme no river faço um nut str8 foldar quando a board dobra, em que faço 3bets light com AJ's AT's, levo calls e donk bets e faço all in com Ahigh e ganho os pots, em que faço raise no flop e 3barrel, mostro o bluff e na mão seguinte tenho um 66 em call a raise numa board KK6 com fd, novamente raiso o flop (a típica situação em que o meu range se polariza a full ou air) e consigo que o tipo me pague de AQ high no flop e no turn! De novo bluff a seguir à la Jamie gold - bet flop, check turn, bet river (mas big porque a koreana dava call com 3rd pair a bets de 1/2 - 2/3 pot) com air e mostro, e na seguinte tenho KK raise 30, ela re-raise 130, eu re-raise 350, ela all in 800 com QQ e eu call :)
Ou um J3 que faço raise utg+1 e levo all in de €40 de um short e tenho que mostrar; mão seguinte raiso utg 20 com... J3 e digo à mesa: "this time not J3!" e levo mini raise p/ 50 da bb, faço call e flop J T 5 com fd, ele bet 50 e eu call, turn 5 ele bet 100 e eu call, river x, ele bet o meu all in de 200 e pouco e eu call ao AK dele e digo: "ahaha fooled you, J3 again!"

No total consegui uma média de $100 / hora. Uma palavra de apreço para o Quintinhas tiltado que finalmente após 2x que o deixei abandonado na mesa e começou a entregá-las aos patolas (era assim que chamavamos aos jogadores lá, acordavamos e dizia-mos, "vamos lá comer a guita aos patolas?!") conseguiu acumular uma stack de $5000 em fichas de $5 (que gozo que dá jogar tudo a fichas de $5), já nem se via a cara dele com a montanha de fichas loool!
Verano estamos de volta não é malta?

No próximo report vou adicionar umas fotos. Ahhh Vegas, gona miss you!!